terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Em segredo. . .

Um passo. Em tua direção.
Outro passo. Perdida no vazio que deixaste.
Mais um passo. Teu retorno.
O desfecho. Um beijo.
Escuta-me, meu amor
Escuta meus olhos
Que tudo denunciam
Que tudo prometem
Que tudo cumprem
Escuta sempre os olhos, não a boca
Pois são os olhos que dizem o que o coração sente
A boca apenas espalha o que é fácil de ouvir
De forma voluptuosa
Portanto, amor meu,
Escuta meus olhos!
Deles não tenho o controle
E esta boca nada dirá
Eu o escuto há muito tempo
Escuto por inteiro
Teus olhos dizem muito
Mas nada dizem para mim
Nunca o fizeram
Tua boca carrega apenas um momento
Se atentasse aos meus olhos antes
Ou se minha boca se atravesse mais
Talvez teus olhos também dissessem
Talvez eles me sentissem
Talvez
Mas não me atrevo a perder
Esse momento
Nem o orgulho
Que mantem minha boca fechada
E é ainda maior que o teu
Talvez já tenha escutado meus olhos antes
E, então,
Aguarda as palavras de minha boca
Ou o que meus olhos disseram não agradou teu peito?
Diga, meu bem,
Pois nada mais espero após esses anos
E de tudo duvido
Se tua boca falasse mais
Se teus olhos fossem menos abismo
Talvez eu me encontrasse neles
Sem rodopios
Ou, pelo menos, desistiria de buscá-los
Mas a tua boca não fala
E teus olhos estão perdidos
Como teu coração
Como tua alma
Que não querem ser encontrados
Não por mim
Pois também duvidam de tudo
E nada esperam
Teus anseios tortos
Guiados apenas por bocas
Que não levam a lugar algum
Ou por olhares fascinantes
Que não são totalmente dedicados a ti
Desprenda-se da ilusão
E terá tudo
Que nunca pensaste em desejar
Mas que te preencheria
Se permitisse
Escuta-me!
Meus olhos cansados se fecharão logo mais
Para esse amor
E para o que poderia ter sido
Apenas restará minha boca
O prazer do momento
E a dança da ilusão
Então diga
O que quer que seja
Faça-me ouvir

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