terça-feira, 7 de abril de 2020

1, 2, testando. . .

Me peguei pensando em você. E em quando tudo começou. E em quantas vezes passei por esse processo. Ahhh, você! Me transformando em troféu, mulher conquistada, mal sabendo que, no momento em que veio falar comigo, estava apenas completando a minha jogada. 

Um olhar. Desvia, desvia. Olha de novo bem devagar. Tão clichê que só te restou cair nessa, não é mesmo? 

Uma mensagem despretensiosa pra saber as novidades, uma dança louca e próxima demais ao seu corpo, uma falta de atenção calculada para despertar o seu interesse... E parece que ganhei sua atenção! É... eu tenho minhas artimanhas.

Não sei o que você pensaria disso tudo: se eu seria julgada ou ainda mais desejada. Acontece que eu não ligo. Você foi, com certeza, especial. Você dividiu comigo, mesmo sem saber, uma experiência única. E não importa em qual momento você cruzou meu caminho, você me ajudou a evoluir. 

Três anos e cinco meses.

No começo, foi libertação. Você trouxe de volta à tona a mulher que eu havia colocado para dormir anos antes. Depois, uma recaída, apenas para entender que o fim era realmente o fim. E quem nunca precisou dessa confirmação? E, depois disso, apenas quem eu queria. E eu quis você. Eu quis todos vocês!

Lembro do temido desejo latente entre amigos e de como nada mudou após o envolvimento. Me permiti aproveitar do amor compartilhado, mas entendendo que muitas pessoas podem facilmente se ofender com isso. Sofri muito ao querer você e perceber que não era mais dona da sua atenção. Mas entendi após alguns encontros que a pedra fundamental do fracasso nas minhas relações, de fato, seria a dedicação intensa e precoce ofertada pelo meu objeto de interesse. Objeto. Eu disse isso? Não, objetificar nunca foi minha intenção. 

Experiências diversas proporcionadas por seres diversos. Idades, nacionalidades, orientações sexuais... Bebe comigo. Você fuma? Gosta de uma safadeza, né? Me chupa. 

Tantas sensações, diálogos, troca de energia. Tantas formas, cores, tamanhos, ritmos. Tanto sentimento crescendo e se perdendo: carinho, admiração, amizade, dúvida, ciúme, raiva. Não foi por nada. E aqui talvez eu te deva desculpas por tê-lo envolvido nesse redemoinho. Alguns permanecem no ponto em que foram deixados até este momento. Outros cruzaram meu caminho mais de uma vez. Alguns extremamente gentis, outros consistentemente devassos. Poucos me levaram ao êxtase completo. Com dois de vocês eu quis construir um lar, e isso já foi muito pra mim. Ao longo dessa vivência, vocês me mostraram que o tempo estava passando, e que eu estava novamente pronta para mudar alguns posicionamento. Me doei. Cresci. Floresci. Aprendi a ser meu próprio complemento. Me libertei do “nós” para sermos nossos de verdade no devido tempo. 

Continuo tendo apenas quem eu quero. E o que acontece quando não quero? Nada mais. Completa.

Foi do caralho! E que me perdoem os defensores da moral, dos bons costumes e da boca limpa. É que você merece demais. Gratidão.


Sale el sol. . .

Que dor de cabeça. Insuportável! Precisava dormir um pouco. Adormeci no sofá. Sonhei com você. Tudo sempre tão real. Seu olhar, seu toque, seu calor. E nenhuma dor até eu acordar.

Nunca sei como começar a falar de você, nem qual música ouvir, nem que lembranças buscar. São tão poucos momentos vividos em um único dia, que me parece impossível escrever duas linhas às vezes. Mas não deveria ser. Em poucos meses tenho vivido tudo, intensamente, e sozinha.

Posso recordar nossas conversas, nosso encontro, nosso encaixe. Perfeito. E eu sei que você também sentiu, embora talvez não tenha se dedicado a pensar nisso.

Me permiti sentir tanto que cheguei à irracionalidade de acreditar que estávamos no mesmo mundo, no mesmo ponto de partida. Só agora percebo que não estamos e que, na verdade, eu mal sei onde estou. Você tem me ajudado muito sem querer: me ajudado a perceber que alguns acontecimentos e pessoas servem apenas como degrau em nossa jornada, e não são menos importantes por isso, mas você deve deixá-las seguir seu curso na hora certa. Quero que saia o sol lá fora, mas, de verdade, quero que você esteja nele.

Te quero tanto, tanto, mas por quanto tempo?

Sinto todo peso do destino em mim agora, com todas minhas escolhas inconscientes. E acredito que na sua hora, no momento em que você me escolher, já não estarei aqui. Se eu pudesse avisa-lo que já vi isso acontecer, e que outros perderam esse tempo para sempre na minha vida... mas é impossível.

E eu que fiz todos os cálculos, que analisei todos vieses e variáveis de confundimento, apenas cheguei à conclusão de que um mais um nem sempre são dois. Mas você também já aprendeu isso um dia. Você já foi como eu várias vezes, e já experimentou do ruim ao melhor também. Você já amou, e já disse aquelas palavras. Você se magoou e, talvez, ainda não tenha se perdoado por isso. Às vezes, isso demora a acontecer.

Não. Você não vai admitir mesmo após perceber o que está acontecendo.

E eu não quero seu amor agora. Nem quero que você desperte amanhã chocado por um entendimento interior repentino. Não espero que me inclua nos seus planos, como se tivesse a certeza de que vou ficar. Mas fique. Me inclua. Desperte. Me ame. Me chame por muitos nomes, e me queira de corpo e mente.

Você que em um único dia conheceu minha alma e me mostrou a sua verdade. Você, ainda, que precisou de apenas um dia para se armar, e não querer, e talvez nem tenha se dado conta disso. Você que disse sentir saudade, e me faz agora pensar como é possível sentir isso por alguém que não faz falta. Se eu apenas soubesse o momento de me afastar. Se eu apenas te entendesse hoje.

Eu que (não) te amo (ainda).