segunda-feira, 4 de maio de 2020

Você. . .

Hoje tive vontade de escrever nossa história. Sem motivos, mas talvez com uma intenção inconsciente de lembrar como foi leve e maravilhoso, e como o fim pode ser sutil às vezes. Com você, foi como se não tivesse acabado, apenas se dispersado. E eu guardo tudo num espaço reservado do meu coração, por mais que não saiba mais como sentir o que foi tão fácil um dia... Foi um encontro de semelhantes que nada tinham em comum, exceto pela felicidade em ser de verdade. Fomos de verdade juntos. E, que pena, termos vívido em tempos diferentes.

Do começo:

Primeiro, soube da sua existência, num momento em que o foco da minha atenção estava em outra pessoa. Mas gostei de te ver, e de saber que tinha me observado também. Precisava falar com você, mas algo me afastava, e confesso que talvez tenha sido a impressão de uma grande diferença de idades. Logo descobri que estava errada, pois essa diferença era de oito anos. E, desde o primeiro contato, você foi gentil e empolgado, e tudo isso me encantou. Sua disponibilidade afetiva quebrou meus bloqueios, aqueles que eu alimentava há dois anos, e me fez querer estar disponível também.

Nos conhecemos numa noite incrível, que começou com seu show e terminou com nossas risadas na mesa de bar com seus amigos. E tudo aquilo foi tão familiar, tão a minha cara, que eu quis mais. Você foi fofo, e parecia não acreditar que eu estava ali, mas foi presente e vivo. De repente, aquela cidade universitária se mostrou muito mais próxima do meu estilo de vida, e eu só conseguia pensar no que eu poderia ter vivido durante todos esse anos. Não dava mais. Estava de partida. E partir no momento em que reconheci meu lar foi a situação mais incoerente da minha vida até aquele momento.

Nos reencontramos. Vivemos. Desejamos mais tempo. 

E, depois de uma semana, eu encontrei uma solução temporária. Comecei uma nova (e curta) etapa em outra cidade, que ficava entre minha antiga morada e minha cidade natal. E, assim, eu poderia ter o melhor dos dois mundos, pois ainda teria você. E eu sempre soube que você gostava de mim à sua maneira, com suas prioridades e seus sonhos. E eu sabia que eles talvez não me incluíssem. E eu também sabia que precisava viver e realizar meus próprios sonhos.

Foi assim que, após quase três meses, de idas e vindas, de você na minha vida em momentos únicos de comemoração, eu fui embora. Sim, você me fez viver muita coisa em pouco tempo, e eu nunca vou esquecer nossas conversas, risadas, planejamentos, enfim... foi bom compartilhar tanta coisa boa com você sempre que possível. 

Você não foi o único durante esse período e os meses que se seguiram, da mesma forma que eu não fui a única na sua vida. Mas eu gostava de você! Após anos bloqueando qualquer possibilidade de sentimento, temendo as frustrações, eu me senti pronta novamente. E eu quis te ver, por mais que minha vida fosse cheia e corrida, por mais que entre uma visita e outra fosse necessário mais de dois meses... Como eu era grata a você por me libertar.

Sim, eu estava disponível. E estava disposta a tentar. Eu aceitaria qualquer pedido romântico seu. Infelizmente, esse pedido nunca aconteceu. E eu não cheguei nem perto de me tornar uma prioridade na sua vida. 

Nesse momento, eu sabia: não teríamos um fim, então esse seria o fim possível pra nossa relação. Carinho, saudade e gratidão, foi o que senti e sempre sentirei com cada memória que tenha a ver com você. Impossível terminar algo que nunca começamos, mas “estacionamos” quando poderíamos “atravessar”.

Hoje (após um ano e meio disso tudo):

Nos falamos com uma frequência bem menor que antes, sobre assuntos não tão interessantes. Encontrei muitas pessoas pelo caminho e até tentei me permitir viver algo parecido com uma delas, mas não valeu a pena. Lembro que em uma dessas ocasiões, de conversas virtuais com você alcoolizado, recebi algo que guardei como uma declaração sua. Você acalmou meu coração quando reconheceu que sentia minha falta e sentia ciúmes da minha liberdade. E eu só conseguia achar graça da vida, pois, durante muito tempo, eu quis abrir mão dessa liberdade por você! 

Então conversamos, despejamos nossos sentimentos na mesa pela primeira vez, sem desvios, e sem esperar uma decisão no final. Falamos tudo, então nos calamos. Como sempre fizemos, não é mesmo?

E, mais uma vez, não tivemos fim.

Nos encontramos depois dessa conversa, como se nunca tivéssemos nos separado. Aproveitamos a companhia um do outro, e experimentamos o momento como se fosse o último. Como sempre. E, por melhor que tenha sido, a verdade é que no final sempre nos percebemos no mesmo lugar, estacionados.

Eu optei por seguir, viver, me permitir...


Com amor.

Tentação. . .

Difícil.

Acho difícil demais escrever sobre o que não é amor, e pior ainda sobre algo que não encontrou em mim definição. 

Essa relação incompleta, porém viva e forte entre a gente. Essa atração por tudo que nunca me chamou atenção. Talvez eu tenha visto além dessa carcaça, talvez tenha me rendido à intenção do seu sorriso. E tudo isso me fez bem por pouco tempo. 

Desejo pelo proibido. Foi assim.

E, após o desejo, veio o remorso. E isso foi quando a conheci, e tive empatia, e entendi que a culpa também era minha. Por te alimentar, por alimentar sua fantasia..

Não vou mentir: fomos bons juntos, fisicamente, por um tempo mínimo. Você não me amou, da mesma forma que eu nunca pretendi te amar. Na verdade, você era cansativo a longo prazo. Mas foi bom, se encaixou àquele momento da minha vida, me fez entender ainda mais as relações amorosas. 

Fui abandonada e abandonei outrora. Fui conquistada após me dispor para conquistas. Fui traída, e com você entendi como era fazer parte de uma traição. Fui a outra.

Nada mudaria na minha vida. Nenhum peso na consciência. Nenhum sentimento real por nós. Mas sentir empatia me fez recuar. É sempre mais fácil recuar quando a relação não se faz necessária. 

Adeus, tentação