sábado, 17 de novembro de 2012

Um sonho

"Ando pelas ruas de Paris. Fico paralisado ao ver mulheres e crianças chorando ao procurarem abrigo. É muito difícil encontrar um local seguro neste momento. Não posso ajudá-los, então corro. Sei que em meu lar alguém espera por minha ajuda, então eu vou. Passo por carros e homens armados, ouço gritos e choro. Uma multidão desesperada é tudo que vejo."

Não sei meu nome, não sei como vim parar aqui. Sou uma mulher bonita, com uma situação financeira positiva, dentro de uma casa antiga e bela. Algo me diz ser Paris. Visto-me e desço ao piano. Toco um pouco, enquanto a empregada vai para a cozinha. Estou triste, mas não entendo o motivo muito bem.

Vou até a janela da sala e vejo uma multidão desesperada. Sim, é tudo que vejo. Armas, gritos, choro. Homens, mulheres, crianças. Todos parecem sofrer. Eu pareço sofrer. Eu sofro. Espero por alguém com muita angústia e a imagem de um homem vem à minha mente. Com armas e um uniforme, ele parece ser bem humanitário, mas não faz sentido causar sofrimento a tantas pessoas. Talvez ele não cause, talvez apenas tente ajudar disfarçado.

Subo as escadas. Entro no meu quarto, e começo a pentear os cabelos. Ainda estou com minha camisola e meu casaco e, provavelmente, ficarei assim pelo resto do dia. Ouço passos pelo corredor e sei que é ele.

Ao entrar, ele sorri. É um sorriso triste, uma lamentação. Sou abraçada por ele e nos beijamos como se fosse a última vez. No fundo dos olhos dele, vejo minha imagem. Não sei nossos nomes, mas nos reconhecemos e nos amamos. Nos amamos como se fosse a última vez naquele quarto, naquela cama, naqueles braços. Digo que tenho medo de tudo que acontecerá, tudo já havia sido tão difícil. Mas ele apenas sorri, como se já soubesse o que iria acontecer. Isso me doí muito, isso faz uma lágrima solitária rolar pelo meu rosto. Não falamos nada, não nos declaramos, mas toda aquela situação é uma declaração muito maior. Tudo é intenso e, pela primeira vez, me sinto segura. Nos amamos ali... 

(...)

Acordo assustada, mas ao mesmo tempo feliz. Ele não está mais do meu lado, sorrindo pra mim. Eu não estou mais no mesmo quarto e agora sei muito bem quem sou. Lembrei que nos amávamos antes de eu acordar. Aquele foi mesmo a última vez.

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