segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vai minha tristeza. . .


É estranho ter de disfarçar meu choro a essa hora da manhã, dentro deste ônibus, com estas pessoas. Todo mundo é cheio de problemas, às vezes eu só queria não pensar nos “meus”. Na verdade, apenas um ou dois são meus mesmo, outros são adquiridos dia após dia: quando eu vejo meus amigos tristes, desiludidos, desanimados; quando eu vejo minha família errar, mas olhando no espelho percebo o quanto sou parecida com ela; quando eu vejo crianças chorando, conhecidas e desconhecidas, por não terem oportunidade num mundo tão grande.


Na minha memória, toda a vida. E cada momento que me fez bem. Cada sorriso, cada abraço, cada brincadeira. E todas as mágoas saem com as lágrimas agora disfarçadas. Não há mais dor, não há nada além de uma realidade turva. Realidade que vai e volta, cada vez que eu me deixo sonhar. “Encontrar o grande amor”. Parece piada pra mim, acho que sou a única que lembra desse fato (e deveria realmente ser a única). Como se a maior confusão da minha vida não fosse por isso...

Depois que minha avó morreu, a situação do meu avô me entristece. Ele nunca foi uma pessoa exemplar, mas isso não muda nada pra mim. Meu pai é um alcoólatra, desses que não fazem mal pra ninguém, que me protege de tudo e todos, me ajuda, me ama, mas insiste em maltratar a própria saúde. Minha mãe só sabe falar dos próprios problemas, ou então julgar a profissão que eu escolhi pra mim. Como minha própria mãe pode fazer isso comigo? Me deixar mal perto de todas as pessoas que conheço, criticando cada passo que eu dou? O “minha bióloga” abriu espaço para o “técnico de laboratório evoluído”. Tudo isso me deixa cada vez mais triste, e poucas pessoas percebem. Eu não quero que percebam.

Às vezes eu queria alguém que me fizesse acreditar. E eu sei que essa dependência é errada, mas eu queria! Alguém que não fosse apenas um amigo... Alguém que talvez nem seja “pra sempre”, mas que fosse eternizado pelos momentos que poderia me proporciona. Eu queria ser isso pra alguém, queria que alguém fosse pra mim também: um motivo para desejar viver, para sobreviver.

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